Mais um 20 de março ♥

 

 

Se eu te perguntar qual o dia do aniversário de casamento dos seus avós você saberia responder? Pois é, eu nunca me esqueço do dia 20 de março. Talvez seja porque sou boa com datas, mas acho que é muito mais do que isso.

Esse dia, para mim, representa praticamente o início da minha história. Eu que sei que temos muito mais histórias na nossa família que vem de nossos bisavôs, mas como eu não convivi com eles, posso dizer, que para mim, minha história começa com meus avós maternos e paternos.

As histórias que cresci ouvindo minha vó contar sobre sua infância, sobre o que ela viveu naquele quintal, as dificuldades, um ovo para seis, as alegrias – enfim – construíram grande parte do eu sou hoje.

Eu sei que ela e minha vózinha materna estão em um lugar muito melhor do que eu, mas a saudade – ah, essa sempre vai existir!♥ Como ainda tenho meu amado vô, decidi escrever esse texto como um registro de como esses conselhos ainda norteiam as minhas escolhas.

1. “Mas, cuidado!” – Essa frase sempre vinha após uma afirmação e dava um tom de dúvida no final dela. Minha vó sempre fala quando desconfiava de alguma coisa ou de alguém. A gente que já sabia o que queria dizer, tinha que segurar a gargalhada. Aprendi que, grande parte da nossa vida, não podemos confiar cegamente nas pessoas. As pessoas são falhas e, infelizmente, em sua grande maioria, são falsas também. Toda vez que alguém me fala alguma coisa e eu não levo muita fé, sempre me lembro dela – Mas, cuidado!

 

2. “Amasse bem a comida antes de mastigar” – Nunca vou esquecer do meu avô brigando para que amassássemos cada caroço de feijão (risos!). Para ele, assim a gente facilita o trabalho do estômago. Pensamento em equipe! Bom seria se, com os seres humanos, também fosse assim. Cada um facilitando a vida do outro. 

 

3. “Ô, Coisinha!” – Ser chamada pela minha vó de coisinha – tenha certeza, não era pejorativo – me ensinou muita coisa. Ela sempre errava nossos nomes, embolava o nome de cada neta até chegar no “Coisinha”. Posso estar errada, mas nunca tive problema com isso. Nunca senti falta da personalização, pelo contrário, sentia que para ela erámos todas iguais. Que nos amava de igual forma. Por isso, acertar o nome era o de menos para ela. Afinal, no fundo e no raso, ela sabia a comida preferida de cada um e tratava a cada um de um jeito especial, porém sem preferências.

 

4. “Pode mergulhar, você não confia em mim?” – Minha vó sempre brigava com meu avô quando ele começava a querer nos ensinar a nadar. Ele sempre nos ensinou a encarar nossos medos, não roer as unhas rs... Afinal, ele era paraquedista e os Monçores não têm medo! Ele sempre nos passa confiança, mas algumas vezes nos ensina a enfrentar nossos medos e encarar a vida com toda a coragem que possamos ou não ter. Hoje, entendo que quando ele me dizia para pular na piscina, mas se afastava, estava apenas me ensinando a acreditar que eu era capaz.

 

5. “F.A.M.Í.L.I.A” - São tantos ensinamentos, mas gostaria de finalizar com um dos mais importantes. Vale a pena lutar pela família. Todos os almoços, festas, aniversários, dia das mães, dos pais que passamos juntos nos ensinaram como era precioso estarmos juntos. Cada um com suas diferenças, a gente simplesmente curtia por estar junto. A vó era quem unia todo mundo ou, melhor, era quem “brigava” por isso. E, infelizmente, sem ela aqui parece que, cada vez mais, isso se torna mais difícil por causa da correria da vida e, porque a gente cresceu, né? Não dá mais para brincar de esconde-esconde naquele quintal. Cada um já está com a sua família e tem seus compromissos. Mas, uma coisa que eu nunca vou esquecer é do quanto a nossa família é mais bonita quando está unida. Trago esse princípio para a família que tenho hoje e quero passar adiante para meus filhos, netos, bisnetos... o quanto vale a pena lutar pela família!